quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

(Des)Máscara

Cansado dessa farsa contida; horror público morto. Sinceramente, acho que já teria partido se esperasse um salvador presunçoso. Problemas em análise; noites de paralisia. Pessoas, até quando em debate. Só questão de poesia.
Sinto saudades do corvo, esse era meu guia. Ainda vejo as pegadas do lobo - ainda na casa, que anistia. Ainda acho que o teatro funciona, mas eu não sirvo mais para isso. Será que corça nunca vai pensar de verdade ou buscas se livrar dessas correntes - o solo sagrado fica logo à frente.
Uma libertação para libertar o todo; para prender um único culpado. Mas acho que o culpado são os que vendam e que fingem mudes.
Para ser mais sincero ainda, acho que ando bebendo muito, sempre voltando ao pequeno lago de hipocrisia. Tenho a chave, a adaga, o veneno e os pés. A ordem - como usarei ou, pensando bem, como poderia eu usar -, bom, ainda não sei. Só não dá, não mais. Quero ar nos pulmões e um cheiro de chuva que me distraia.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Folha

Pobre folha, molhada de dor
Que posso fazer se apenas tenho o averso do amor?
Tu não merece isso; eu também não mereço
Há 10 anos sofrendo por dentro.

Minha alma chacoalha, não aguenta ficar
Tento um suspiro - não posso evitar.
Oh folha, tu há de me levar pro teu mundo
Lá me vestirei de branco, e voarei pelo céu azul escuro.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Passarinho

Às vezes me pego pensando como teria sido se não tivesse partido. Você sabe que não sou de ficar, muito menos devanear um amor de um tempo inteiro. Sabes que sinto falta, pois a sua falta me fala que tu me queres - bem ou mal, longe ou perto.
Se me queres bem, lembre-se das músicas que cantava em seu ouvido, dos versos ou poemas ou do modo como eu me aconchegava em teu colo doce e quente. Se quiser posso até voltar, sem muito desvencilhar das antigas e novas poesias.
Mas se me queres mal, também vai me querer bem longe. Irá lembrar-se do meu jeito antipático, do modo como trato os quais não sinto afeto ou os desconhecidos que por mim passam. Também há de lembrar que minha voz não é tão boa, que minhas poesias não rimam e que eu era um fardo em teu colo. Recordará minha ausência de palavras, o modo como te tratava, buscando abrigo apenas em dias chuvosos. Saberá então que não sou feito pra você, que, na verdade, é o tempo que me chama e que se ainda há esperança... apague-a, por favor. Porém, se ainda me queres por perto, não significa que me queres bem - mas ainda sente simpatia. Então, se o que sentes é saudade, olha que após sua janela e a terrível tempestade, eu ainda canto para ti. E se quiseres falar comigo, basta ir até a árvore que cresce na frente da tua casa. É lá que eu moro.