Eu acho que ta acontecendo alguma coisa errada, as vezes penso que o tiro no escuro veio direito na minha cabeça, perfurou meus pensamentos e me prendeu em uma falsa certeza. As vezes me procuro naquele quarto, naquele espelho, mas só vejo desespero, anseio, receio; preciso mapear a casa, a rua, procurar um canto por onde ainda não passei, só para passar o tempo que de pesado não voa. Acho que preciso sair de casa, sair completamente; não mais aguentar os absurdos do babaca do carro, não as ilusões utópicas, brigas constantes e sonhos de paz. Acho que tô precisando me encontrar de novo, sair dessa calmaria toda que me da nojo. Procurar um amor de verdade, não um amor de uma hora sem serenidade. Preciso dormir tranquilo sem me preocupar em abrir a porta para quem chega depois... Na verdade eu preciso voltar a chegar depois, para que abram a porta para um cara de ressaca, que não se importa com nada, que não liga para as desgraças e vive numa bolha chamada Ilusão. Preciso voltar a me afundar em um livro e espero que ele me transporte para um mundo novo, sem desgosto, onde eu possa ser rei, ladrão, santo ou pecador, sem nunca temer as consequências de meus atos, pois sou um personagem, sou palavras, apenas mais um em meio a páginas e capas. Preciso ir acordado para a faculdade, esse sono me deixa muito quieto, preciso sair mais para beber, é ai que a gente conhece a verdadeira verdade, a boca vira o reflexo da alma; tudo é mais claro e ao mesmo tempo embaçado. Na verdade, preciso encontrar alguém como eu, sem desespero, com desapego, que muda de opinião a cada instante, que sai de uma da manhã na rua só para bater papo com a galera na calçada. Então eu volto pro quarto e olho para aquele espelho, percebo que já tenho tudo isso; está diante de mim, está acima de meus olhos. É tudo na minha cabeça, é tudo nas palavras, nas páginas. Na verdade é tudo eterno, é tudo desconexo. Sou eu. É o que não existe.
segunda-feira, 29 de abril de 2013
domingo, 14 de abril de 2013
Sonhos à Noite
Só queria que por uma noite tudo
fosse realizado. Dizem que quando se canta alto e claro para a lua, quase como
um uivo, ela atende. Lembrei-me do início, do frio na barriga, de quando o teu
cabelo chicoteava minha cara. Passei o dia a me torturar de lembranças vagas,
lembranças antigas e intocáveis, mas lembranças. Pensei no futuro, no que possa
vir a acontecer.
Que tal morrermos hoje e só
voltarmos amanhã, meu amor? Dessa forma não teremos arrependimentos ou
decepções; permanecerá apenas uma imagem estática, por toda uma vida de um dia,
de nossas melhores lembranças. Congelaremos em um sorriso singelo e ao amanhecer
vamos perceber que nada nesse mundo importa apenas o olhar de duas pobres
vítimas da paixão.
domingo, 7 de abril de 2013
Som dos Sinos
E aqui volto eu, apenas volto, digo. Sem malas ou pensamentos novos, apenas eu, um corpo, um corvo e um jardim de mortos. Gostaria de pegar uma dessas cabeças jogadas aos meus pés, usa-las como se fosse minha para que ninguém me avistasse, para que eu não me visse; mas o espelho não nega, sua sinceridade chega a doer, pois o morto sou eu, o resto apenas descansa nesse chão de areias gélidas. O sino da igreja toca, mas para quem? Até mesmo o Salvador abandonou essa terra de esquecidos. Mas o sino sempre tocou, tocava tão alto e vibrante, com tanta felicidade que seria impossível prever que um dia essa terra habitada por esperanças se tornaria um campo de batalha entre o divino e o sujo; entre você e eu. Permaneci no mesmo lugar onde tudo começou, fiquei esperando alguma resposta... E logo ela veio. A chuva chegou galopando sobre o vento, cobriu toda essa cidade com mais amargura e agora o sino toca lentamente. Sei que minha hora chegou então me deitei ao lado dos corpos de lembranças e fui beijado pela morte, no final de tudo as águas colocaram sobre mim um manto e disseram sublimemente: "Agora descanse, pobre lembrança, o sino em seu peito logo irá parar". Então parti desse mundo, para o mais profundo esquecimento.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
We will be young?
O amor é algo misterioso, um prédio sem término onde uma dinamite de saudades está prestes a detonar. Você ainda vem? Eu não vou partir sem você. Você quer que eu vá? Mas para onde seria? Seremos sempre jovens? Ah, disso eu não tenho tanta certeza. Mas eu ainda quero ser banhado por tua luz, quero que você venha bela como sempre, pronta para ouvir meus uivos; te espero na mesma estrada onde não passam cavalos, descalço e vestido de esperanças. As nuvens cinzas já se foram, os corvos aprenderam a cantar e já não são dissimulados. A escuridão já não existe, minha querida, agora os cavalos podem voltar para essa antiga estrada, no nosso coração jovem, para que possamos montá-los e cavalgar para além do som da montanha. E quando lá chegarmos saberemos que estamos pisando no paraíso, onde os seres da floresta nos abençoarão. Passaremos uma vida inteira como se fosse uma grande eternidade, um ao lado do outro. O dia nos iluminará, a noite nos protegerá; e quando nossa hora chegar nos transformaremos em duas grandes árvores bem enraizadas ao chão... Pois o amor jovem é eterno.
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