...Acordou, coração acelerado como tantos outros, levantou-se e foi ao banheiro, trocou de roupa quase igual a uma cobra em seus momentos de transições. Correu, mas não estava nem um pouco preocupado, entrou no carro, ouviu a briga do casal a sua frente, chegou a porta do colégio, o porteiro já o esperava com a mão no relógio já gasto, subiu as escadas com o já conhecido cansaço matutino. Gritos, risadas, tudo com o mesmo tom familiar. Entra na sala, seu lugar já guardado, todos te desejam um bom dia (nos casos básicos, um tapa nas costas), nada fugindo do padrão. Conversa vai, conversa vem, tudo a mesma coisa, os mesmos textos conexos/desconexos, tudo muda, tudo não muda, mas no fundo se renova. Hora da saída, volta pra casa com os seus amigos, os mesmos amigos, não reclama. Caminha pela rua, a conversa não é a mesma. Um carro passa, som, zuada, buzina, alguém cai, o corpo se comunica com o tempo, ao mesmo tempo que se conecta a um chão banhado de preto, o som do carro quebra a mesmice, mas não muda por completo. Se despede dos amigos, vai pra casa, o banheiro por já saber a hora exata que vai chegar já se encontra de portas abertas, saudando-o, lágrimas do chuveiro escorrem em seu rosto, a água ao descer ao chão pode mudar, mas tudo continua a mesma coisa. A tarde passa como todas as outras, o mesmo céu, o mesmo senhor gritando pelas ruas tentando vender seu algodão doce, tentando ao menos ganhar a vida... todos os dias. A noite chega e com ela trás um manto escuro e furado ao céu, a mesma lua brilhando à janela, os mesmos gatos no muro. Nauseado com as porcarias da TV, tranca-se no quarto, ler, ler, ouvi música, sai para se distrair, e, por fim, volta para onde tudo começa, chega no quarto se prepara para dormir e então dorme. Os sonhos por incrível que parece também são iguais, então de repente... Acordou, coração acelerado como tantos outros... Monotonia... mono... estéreo... sua... nossa... minha...