segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Corvos

Acordei em minha cama, dessa vez foram as memórias que trouxeram o primeiro banquete. Lembrei de ontem, o sol brilhava, as nuvens se escondiam deixando que apenas a tua beleza existisse no mundo, e o que falar de teus olhos, embora tudo fosse claro, a única luz eram teus olhos, esses teus lindos olhos. Voltei, o vazio me trouxe de volta para o presente sem amigos, sem comida, sem amor; apenas eu, a dor e o frio. Você se foi e levou toda a alegria, volte por favor, se o preço para isso for a tua volta sem luz e a escuridão te acompanhar, que venha; me tornarei escuridão também. Me levantei da cama, ao por os pés no chão minha cabeça fez o mesmo, me dei conta que nada era sonho. Fui de encontro a janela, rabiscos de cinza manchavam tudo, o céu, a terra e o mar; a única vida la fora eram os pássaros, corvos para ser mais preciso, de suas asas escuras saíram palavras escuras, desespero e o único som produzido era um "venha". Nem teus olhos em meus mais puros pensamentos se salvaram, a luz deles também se extinguiram. Abri minha porta, vi um garoto a brincar, aproveitando sua doce infância, o garoto para minha surpresa era claro, as raízes ao seu redor dançavam, brincavam com ele, porém as raízes aos meus pés prendiam-me, lembrei da sua música, a música de exorcismos que sempre expulsava a tristeza e nos magnetizava a felicidade. Só por esse momento o céu chorou, até ele lembrou de você. Anjos despejavam águas no lamento desta terra, e de suas bocas proferiam milagres... mas nem um atendeu a meu pedido. Cansado da dor e da tormenta, tentei me livrar da cólera, da praga. Mas uma vez os corvos me chamavam, e dessa vez chamavam por meu nome. Céu e terra eram apenas passado, ambos se casaram, uniram-se e agora são apenas um. O penhasco estava bem a minha frente, os corvos dançavam ao meu redor, como em um ritual pagão, as árvores murmuravam brisas e usavam máscaras jamais vistas, embora não houvesse mais ninguém ali, sabia que estava sendo observado... estava indo de encontro a salvação! Joguei-me do penhasco, as promessas de salvação eram falhas, nem uma mão veio a meu encontro, nem um anjo ousou me ajudar; nem mesmo o Salvador lançou uma brisa sublime que me consolasse, mas eu sabia o que fazer. Se a salvação não era meu caminho, opto por ser dor e mágoa e dessa forma partirei com os meus irmãos de preto. Tornei-me corvo, abri minhas asas voei de encontro ao cinza, e me tornei dor.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Monotonia

...Acordou, coração acelerado como tantos outros, levantou-se e foi ao banheiro, trocou de roupa quase igual a uma cobra em seus momentos de transições. Correu, mas não estava nem um pouco preocupado, entrou no carro, ouviu a briga do casal a sua frente, chegou a porta do colégio, o porteiro já o esperava com a mão no relógio já gasto, subiu as escadas com o já conhecido cansaço matutino. Gritos, risadas, tudo com o mesmo tom familiar. Entra na sala, seu lugar já guardado, todos te desejam um bom dia (nos casos básicos, um tapa nas costas), nada fugindo do padrão. Conversa vai, conversa vem, tudo a mesma coisa, os mesmos textos conexos/desconexos, tudo muda, tudo não muda, mas no fundo se renova. Hora da saída, volta pra casa com os seus amigos, os mesmos amigos, não reclama. Caminha pela rua, a conversa não é a mesma. Um carro passa, som, zuada, buzina, alguém cai, o corpo se comunica com o tempo, ao mesmo tempo que se conecta a um chão banhado de preto, o som do carro quebra a mesmice, mas não muda por completo. Se despede dos amigos, vai pra casa, o banheiro por já saber a hora exata que vai chegar já se encontra de portas abertas, saudando-o, lágrimas do chuveiro escorrem em seu rosto, a água ao descer ao chão pode mudar, mas tudo continua a mesma coisa. A tarde passa como todas as outras, o mesmo céu, o mesmo senhor gritando pelas ruas tentando vender seu algodão doce, tentando ao menos ganhar a vida... todos os dias. A noite chega e  com ela trás um manto escuro e furado ao céu, a mesma lua brilhando à janela, os mesmos gatos no muro. Nauseado com as porcarias da TV, tranca-se no quarto, ler, ler, ouvi música, sai para se distrair, e, por fim, volta para onde tudo começa, chega no quarto se prepara para dormir e então dorme. Os sonhos por  incrível que parece também são iguais, então de repente... Acordou, coração acelerado como tantos outros... Monotonia... mono... estéreo... sua... nossa... minha...

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Análise Ceremonials - Florence and the Machine



Florence nos convida para uma cerimônia um pouco diferente...

Depois do tão aclamado Lungs que com sua diversidade deu um "sopro de vida" na indústria musical, Florence e sua máquina agora vem não com fábulas, mas sim com uma incrível cerimonia.Vivemos em uma era onde a música é um produto comercial e só permanece no cenário musical quem conseguir atrair mais "clientes", independente da qualidade do que é ofertado, Florence nos mostra que nem todos são assim.

Ceremonials é um pouco extensa, mas quem se importa? Vamos à análise:

Welch nos inicia (sim inicia, essa é a proposta, afinal isso é uma cerimônia) com "Only If For a Night", a introdução ideal aos delírios musicais em que ela se empenha nesse Ceremonials. Florence fala de vozes e fantasmas a perseguindo devido a um amor frustrado, é uma balada etérea que emerge de corais, órgãos e teclados para elevar ainda mais a performance vocal da inglesa. Acredito que Florence compôs essa música para sua falecida avó; ela consegue nos transportar para um mundo onde o físico e o espiritual se ligam constantemente. É de longe uma inteligência incrível.

"Shake It Out" na minha opinião tem uma das melhores composições da Florence (Cosmic Love também, é claro), o que se ouve aqui é a percussão e o acompanhamento ininterrupto do órgão, mas alguns sutis toques de sons eletrônicos e claro, os corais que fazem o cerne de Ceremonials. Com a voz gigantesca e a interpretação intensa, Florence faz da letra sobre "sacudir" os próprios demônios e "cortar fora" o próprio "coração desajeitado" uma libertação/purificação contagiante, aliás a letra é extremamente metafisica, usando metáforas sobre Céu e Inferno. O clipe vem recheado de elementos da misticidade pagã inerente a Florence.  

"What The Water Gave Me" é uma música divina, transcendental. Na música Florence trouxe Kahlo, Wolf e todo um misticismo poético e sombrio, reflete todo o poder do elemento natural chamado água, a música também fala de um amor mal-sucedido. Só que esse amor é elevado a um nível trágico, um nível de sacrifício.

"Never Let Me Go" é uma música capaz de soar como um sussurro ao pé da orelha mesmo quando a cantora eleve sua voz as alturas. Seu "tão frio, mas tão doce" é declamado com essas mesmas qualidades, um suspiro forte, que soa como um vento gelado no rosto, mas que carrega um perfume viciante com ele. A música parece se comunicar com "What The Water Gave Me" soa quase como uma canção pré-suicídio por afogamento. Lembra Virginia Woolf, por analogia.

 "Breaking Down" É realmente impressionante, desde a melodia que se torna gigantesca com o passar do tempo, até a composição (mais uma vez aplaudo a genialidade da Florence). A música fala sobre solidão, sobre aceita-la, mas em certos momentos da para se perceber que mesmo que a Florence se renda a isso, mesmo que ela aceite, parece que ela está farta disso, esta ruindo por dentro. Por outro lado, quando chega a parte do coral, parece que somos levados para um clima de conforto onde nossa única e melhor companhia é a solidão.


"Lover To Lover" Lembra muito a música negra dos anos 60 e 70. A música explora todo o potencial vocal da cantora, parece que a música se comunica diretamente com Howl do álbum anterior, Lungs. Enquanto em Howl, Florence perseguia seu amado, o devorava e queria de qualquer forma proclamar o seu amor para ele, em Lover To Lover é um pouco diferente. Nesta, ela tem consciência do que fez, mas não se arrepende. Sabe que a salvação não é mais opção, esta longe de consegui-la, só resta agora afundar em suas escolhas, mas com perseverança e bravura de saber que não tem volta. A diferença entre as duas músicas é que nesta ela sofre uma "batalha" interna, onde ela se julga e se questiona.


"No Light, No Light" A letra retrata a libertação musical de tudo que o sujeito da mesma não é capaz de "dizer em voz alta", mas parece achar tão fácil "cantar para uma multidão", é uma paixão arrebatadora. A música começa suave e triste, lembrando Never Let Me Go, sugerindo uma certa tristeza nesse amor. Mas a batida cresce e a intensidade de Florence também e logo a tristeza se transforma em uma explosão harmônica entre a voz da cantora e o coro de fundo.

"Seven Devils" Melodia sombria, corais que lembram uma invocação pagã. Não se trata de uma adoração, a intenção aqui é reconhecer os "sete demônios", acolhe-los, ser capaz de encará-los. A música também pode falar de um amor frustrado, onde Florence proclama que não voltará atrás "o que esta feito, esta feito".

"Heartlines" É totalmente céltica ou africana, desde a batida até a voz da Florence, lembra um pouco o Lungs.

"Spectrum" De uma certa forma fala de amor, quando tudo esta sombrio (cinza) basta lembrar que existe o amor, e de certa forma tudo se "ilumina".

"Leave My Body" Florence "deixa seu corpo", e deixa também a impressão de um ótimo álbum (é impressionante como ela consegue misturar a arte e o espiritual)



Ceremonials é um emaranhado de arranjos instrumentais calcados na música erudita. Florence faz com que cada uma de suas canções se convertam em clássicos, ou como o próprio álbum aponta, pequenas etapas de uma gigantesca cerimonia. Ceremonials pode ser grande de mais, complexo de mais, cansativo de mais, mas quem se importa? Ceremonials é uma elevação de espírito bem século XXI, através da proclamação em voz alta e clara das próprias falhas e assombrações.

Gosto de comparar Florence + The Machine como um delicioso bolo com uma bomba dentro, suas músicas começam lentas, sublimes e logo após há uma explosão de instrumentos e coros tudo muito bem estruturado. Florence Welch já pode deixar a preocupação de lado, depois de Ceremonials a musicista revela não ser apenas uma simples promessa da música britânica, mas uma sólida garantia.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Cartas para o Tempo

Não é uma crítica, apenas acúmulo de pensamento (preciso pensar mais)...

Tudo começa no início.Nasci. Desde o começo vejo o tempo como um presente gratificante mais que deve ser tratado com devido respeito. Depois de tanto tempo (mesmo que pra mim não seja nada mais que alguns fleches) pude perceber quão interessante é isto aqui, o mais fascinante é que mesmo tudo/qualquer coisa se modificando o tempo continua o mesmo, ou melhor, sua essência continua a mesma.
Não, isso não é uma carta de suicídio, seria interessante e ao mesmo tempo contraditório eu me suicidar. Passando de tempos em tempos pude ver como tudo mudou, as pessoas continuam as mesmas mas o fator principal (tempo) mudou tudo. Queria logo acabar com isso, as pessoas hoje são cruéis, não que antigamente não fossem assim, o que quero dizer é que com o passar do tempo achei que as coisas iriam melhorar... achei.
É ruim ver uma parte de mim morrer a cada segundo, mesmo sabendo que nunca por completo vou morrer. Tenho pena das pessoas, especialmente aquelas que se acomodam na ignorância, aquelas que com o acúmulo de rancor já não tem mais sentido para viver, mas, tenho ainda mais pena daquelas que tiram suas vidas por não suportar o mundo em que vivem, essas pessoas não sabem o quanto me ferem (a cada segundo)...
Vi pessoas morrerem por nada, tiraram suas vidas de graça e tudo por causa de algumas coisas: crença, guerra... mais não estou aqui para julgar. O pior é presenciar a crueldade e não poder fazer nada, ficar apenas como uma espécie de "testemunha invisível", testemunha essa que não pode testemunhar, interessante não?
Tudo isso já foi melhor, tudo era pequeno, os problemas eram pequenos. Muitos me consideram um ser etéreo, discordo, como poderia eu ser algo intocável? Toda e qualquer coisa pode me tocar, basta é claro estar vivo, a única coisa que se tem de fazer é olhar para dentro, lá me encontrará (Sou a matéria, a respiração, o pensamento/ideia, o que ainda esta por vir). A carta que para você escrevo não é para mostrar minha indignação perante o mundo ou para mostrar como surgi e permaneci, apenas gostaria de dizer mais algumas coisas. Gostaria de mostrar minha admiração pelo tempo que desde os primórdios me acompanha de bom grado. Pra mim a maior contradição que existe é o tempo e claro, eu, a cada segundo, a cada momento, o tempo mata uma parte de mim, mais ao mesmo tempo faz outra nascer, esse grande circulo é infinito. Por mais que me decepcione com as ações das pessoas ou como elas usam seu bem mais importante ainda existe algo para o qual vale apena existir (ou não), o tempo, só ele pode aliviar uma dor sufocante ou alimenta-la ainda mais. Como disse no inicio não posso morrer, seria algo impossível, algo que quebraria qualquer lei, para quem o tempo iria passar se eu não mais aqui estiver?...
Uma coisa é certa, não sei como será daqui pra frente, só sei que sempre estarei com você Tempo.

De: Vida
Para: Tempo

Continua...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Histórias de Alguém

Max sempre foi um garoto curioso, quando pequeno sempre se perguntou de onde veio as pessoas, pra onde iriam e como tudo seria. Max vem de uma família extremamente religiosa, de um lado a família do pai (todos católicos), do outro a família da mãe (evangélicos). A família sempre brigava pois ambos os lados queriam que o garoto seguisse a doutrina "certa", aos domingos de manhã era levado por sua avó e sua bisavó para assistir a missa e a noite sua mãe o levava para assistir o culto -embora nesse tempo preferia a igreja católica, ele era uma criança, não prestava atenção no "sermão" do padre, o que realmente o prendia lá eram as imagens, a arquitetura da igreja  e todo aquele ambiente (de certa forma Max deve agradecer a igreja por sua paixão por arte) .
O tempo passou, Max cresceu e viu que não precisava ir forçadamente a mais nem um lugar, por ser curioso sempre pesquisava (e ainda pesquisa) tudo relacionado sobre qualquer religião mais não intendia o motivo das brigas e de ter um leque de religiões ambas com um mesmo deus, logo percebeu que não precisava de um deus sempre que passasse por algo difícil, pra que recorrer a algo invisível sempre que precisar de algo? Ele sabia que religião/crença em um deus era um tipo de placebo. Max se tornou alguém mais consciente, de certa forma mais humano (sem todo aquele misticismo) sabe que agora pode enfrentar seus problemas de cara e não esperar que de uma forma mágica eles se resolvam.
Max não tinha problema de falar que era ateu a ninguém (até porque isso é algo dele e todos tinham que respeitar. Inocente da parte dele) seu único problema era sua família (aquela extremamente religiosa do inicio do texto) ele preferia ser queimado vivo do que contar a seus pais que era ateu, na verdade não era medo que Max sentia e sim saber qual seria a reação de sua mãe ao saber, como ela o trataria depois, mais ele sabia que sua mãe não faria isso, logo ela que aceita as diferenças das pessoas. Foi mais fácil do que ele pensou, sua mãe só disse: "Se é isso o que você quer e o que você acha, tudo bem, só quero o melhor pra você e que Deus te abençoe" Deus te abençoe? tudo bem.
Max sabe que vive em uma sociedade vamos dizer "atrasada", sabe também que vai receber críticas e vai ouvir piadas mais ele não se importa com isso por que sabe que hoje vive uma verdade. Max se libertou.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Dica de filme


Um dia desses o professor de Português passou uma atividade sobre as músicas "Admirável Chip Novo" da Pitty e "Admirável Gado Novo" do Zé Ramalho então tive a idéia de tirar um dia da semana pra postar um filme aqui. Mais oque essas músicas tem haver com a idéia da postagem? Tudo, não com a postagem em si mas com o filme que irei postar...

Metrópolis (1927)

Farei uma análise sobre o filme, quem se interessar é um ótimo filme, recomendo.

Obra-prima à frente do nosso tempo. Continua atual.

Muitas décadas antes dos irmãos Wachowski nos presentearem com a baboseira pseudo-filosófica de Matrix Reloaded e Matrix Revolutions (não citarei o original de 1999, pois ainda o acho um marco na história do cinema, embora a premissa não tenha sido bem aproveitada), um verdadeiro gênio do cinema - Fritz Lang (autor do também excepcional M - O Vampiro de Dusseldorf), já nos brindava com a sua visão bem mais realista do que poderia vir a ser o futuro da humanidade.

Sempre reverenciado e imitado por vários cineastas, inclusive os mais importantes da História, Lang traçou um perfil de como ele imaginava um futuro (baseada na novela escrita por Thea von Harbou, que também escreveu o roteiro em parceria com Lang) onde haveria uma classe dominante (os ricos) e uma classe dominada (os operários), que viviam em suas cidades no subsolo, onde trabalhavam diuturnamente, em períodos divididos de 10 horas cada, para não deixarem que a cidade onde os mais ricos moravam parasse. Ou seja: estamos em um futuro distante e o mundo está sob o comando dos poderosos, que isolaram os mais pobres no subsolo como se fossem seus escravos, para que trabalhassem em prol dos mesmos.

Comandados por Freder Fredersen (Gustav Fröhlich), os operários são obrigados a trabalharem sem parar para que a cidade não pare. Um dia, após achar planos de uma possível rebelião nas roupas de um operário que havia morrido em um acidente, o filho de Fredersen, Johhan Fredersen (Alfred Abel), decidiu descer até a cidade dos operários, lá vendo quão desumano era o tratamento que eles sofriam - cena memorável a que ele fica exausto tendo de trabalhar em uma máquina com ponteiros, não vendo a hora em que as suas 10 horas de turno terminassem.

E é naquele local horroroso que ele encontra a bela Maria, que em uma das reuniões à qual ele comparece como se fosse um trabalhador comum, vê que os planos da rebelião estão mesmo sendo levados adiante. Mas, ao contrário de que pensavam, eles querem que tudo seja feito na paz, e esperam que um mediador os ajude a fazer isso. Mas os planos deles não dão muito certo, pois Freder Frederson pede ajuda a um cientista de sua confiança (interpretado por Rudolf Klein-Rogge), que está trabalhando na construção de um robô que será capaz de substituir os humanos no trabalho. E ele seqüestra Maria, substituindo-a pelo robô, infiltrando-o no meio dos operários para tentar causar a discórdia e a própria destruição dos mesmos, mostrando assim que estes não merecem o respeito que exigem.

Assim como na saga futurista dos irmãos Wachowski, os operários são levados a acreditar que um dia virá alguém que os libertará de todo esse sofrimento e angústia. No caso, O Mediador. Mas aqui a espera deles têm algum fundamento, pois liderados por Maria (interpretada por Brigitte Helm, que também faz o papel do robô que toma o lugar dela), eles acreditam que "não pode haver entendimento entre a mão e o cérebro se o coração não agir como mediador" (sentença hoje célebre no mundo do cinema). E é por esse coração que todos aguardam. Como podemos ver, em sua visão do futuro, o diretor não estava tão errado, pois hoje em dia já acontece algo parecido: os trabalhadores têm que fazer com que o país não pare, enquanto que a classe mais poderosa somente desfruta de todas as regalias às custas de quem trabalha incessantemente.

Com uma bela história e um jeito único de contá-la, Fritz Lang nos mostra que não é preciso encher um filme de efeitos especiais (embora estes também foram necessários para criar um visual revolucionário para a época) e lances futuristas que sabemos ser difícil de que venham a acontecer para se fazer um bom filme de ficção. Imitado por várias gerações posteriores, Lang tinha uma particularidade que anos após veio a ser copiada pelo maior mestre do suspense. Após ter de ensinar a um ator como deveria fazer com a mão em um close, o diretor acabou gostando do take e utilizando-o no filme original. A partir daí, ele optou por colocar em todos os seus filmes um close de sua própria mão. Alfred Hitchcock o imitou aparecendo em todas as suas películas. E hoje em dia M. Night Shyamalan faz a mesma coisa. O que é bom tem de ser copiado mesmo. 

O filme original, feito em 1927 (portanto, mudo), tinha mais de cinco horas de duração. Mas com o passar dos anos, ele foi sendo enxuto, até que chegasse hoje em dia com a sua versão de um pouco mais de duas horas de projeção. Com tantos filmes ruins sendo refilmados, os executivos de Hollywood deveriam tentar recontar essa história, com os recursos que dispõem hoje. Se derem sorte de pegar um bom diretor, teremos uma ótima história nas telas. Se você se acha entendedor de filmes, esse é indispensável.


Metropolis 1927




quarta-feira, 28 de março de 2012

Virginia Woolf


"Lay me down
Let the only sound
Be the overflow
Pockets full of stones"
Florence and The Machine

 Esse post é dedicado a uma grande escritora modernista, Virginia Woolf. Hoje é "comemorado" o 59º ano de sua morte.

Woolf era membro do Grupo de Bloomsbury e desempenhava um papel de significância dentro da sociedade literária londrina. Alguns de seus trabalhos mais famosos são: Mrs Dalloway (1925), Passeio ao Farol (1927) e Orlando (1928).

Ela estreou na literatura em 1915 com o romance The Voyage Out, (desde cedo evoca a essência da tragédia), depois disso realizou uma série de obras notáveis, as quais lhe valeriam o título de "a Proust inglesa". Faleceu em 1941, tendo cometido suicídio.

Virginia desde cedo frequentava o mundo literário, era filha do editor Leslie Stephen. Em 1912 se casa com Leonard Woolf, em 1917 os dois fundam a Hogarth Press, editora que revelou escritores como Katherine Mansfield e T.S. Eliot. Virginia Woolf sofria de depressão, sendo incapaz de controlar sua própria vida, preferiu a morte e em 1941 deixou um bilhete para seu marido e para sua irmã, Vanessa. Neste bilhete, ela se despede das pessoas que mais amara na vida (afogou-se num rio com os bolsos repletos de pedras).

A obra desta escritora é sempre classificada como sendo das mais inovadoras e estimulantes, quer entre as mulheres autoras, quer entre o conjunto dos criadores de ambos os sexos.

Virginia encontra-se sepultada em Non-Cemetery, Sussex na Inglaterra.

A cantora Florence Wech vocalista da Florence and The Machine compôs uma música inspirada na Virginia Woolf o título da música "What the Water Gave Me" foi inspirado em uma pintura de Frida Kahlo, mais isso fica pra outra postagem.


sexta-feira, 23 de março de 2012

Religião pra que?

É impossível provar a inexistência do que quer que seja, então não é possível demonstrar que não existem, por exemplo, o abominável Homens das Neves, o monstro de Loch Ness ou as Sereias, ainda que destas ultimas haja testemunhos numerosas e, alguns, de pessoas tão respeitáveis como Cristóvão Colombo que deixou, por escrito, te-las visto na costa da América.
Não vamos esquecer que quem afirma a existência de deus é exatamente quem vive à sua custa. Porque pagar por algo dito, algo que de acordo com a bíblia tem que ser "dado de graça"? Mais não é isso que vemos nas igrejas, os lideres religiosos se aproveitam da fé de seus seguidores para explora-las (um verdadeiro estupro mental). A igreja Católica com o seu fanatismo prega o medo a seus fiéis, ou melhor colocando, toda e qualquer igreja prega o medo e a maioria de seus seguidores a frequentam não para estar na "presença" da "graça" de deus e sim por medo, medo de pecar, medo de ir pro "inferno", tudo isso só para conseguir o seu "lugarzinho" no céu, ora, um exemplo disso é o Bicho Papão, se uma criança apronta algo o pai logo diz "cuidado que o Bicho Papão vai te pegar!", a criança com medo não tende a fazer isso novamente, não por que não quer, ou por que o pai mandou e sim por medo, e a igreja faz o mesmo, se você não seguir exatamente o que ela manda, ela diz que você vai queimar no inferno, como disse logo a cima tudo é movido pelo medo, e também pelo medo do conhecimento, eles não querem que saibamos a verdade, não querem que  agente questione.
A bíblia esta cheia de contradições e elas começam no primeiro capitulo de Gênese onde encontramos duas histórias sobre a criação que contradizem uma a outra, tando na ordem dos acontecimentos como na maneira como as coisas são criadas. Também temos o anonimato pois ninguém sabe quem escreveu a maior parte dos textos bíblicos.
O que me da raiva é que sempre dizem que a religião ou o próprio "Deus de amor" é capaz de curar feridas ou até mesmo de acabar com guerras, mais se esquecem que a maioria das desavenças dentro de uma sociedade é feita pela própria religião, uma sempre competindo com a outra dizendo que a deles que é a correta tudo no intuito de ganhar seguidores (dinheiro).
Existe várias razões para não usarmos a bíblia ou a própria religião como base de nada, uma delas é o comportamento alienado, perigoso, violento e intolerante de quem acredita nesse livro cegamente. Há muito tempo os versículos da bíblia tem sido usado para justificar mutilação, homofobia, machismo, racismo, guerra e perseguição politica e religiosa.

"Um homem sem religião é igual a um peixe sem bicicleta"

Essa era a realidade pra quem fosse contra a "palavra de deus"

sábado, 10 de março de 2012

Análise Lungs - Florence and the Machine



O que Florence and the Machine tem haver com o blog? Tudo, afinal música é arte, é uma prática cultural e humana.

Uma das razões de fazer um post sobre a banda é porque além de ser fã eles utilizam instrumentos bem diferentes para fazer sua música. A Florence entende muito do estilo Barroco e o utiliza muito bem em seu álbum (e estética) trazendo elementos clássicos e os unindo aos modernos. Seu mais novo album se chama "Ceremonials" mais hoje vou falar sobre o seu album de estréia o "Lungs".

Lungs foi uma grande surpresa. Ele passeia entre músicas lentas, suaves, dançantes, entre rock, pop, traz tambores, violão, guitarra e até harpa. Todas as letras são boas, bem escritas, poemas cantados, declarações, sentimentos puros e complexos. É uma verdadeira obra-prima. Tudo cantado pela voz forte e grave da Florence.

Vou analisar faixa por faixa do Lungs, com algumas críticas e observações.


1. Dog Days are Over
A faixa de abertura é uma das mais orgânicas do álbum. Logo no começo ouvimos o som do bandolim seguido de palmas rítmicas, mostrando ao que a banda veio: naturalismo. Esta música, bastante agitada e emocionante, fala sobre fugirmos da felicidade, mas que, em certo momento, ela nos atinge e não há como escapar. Para tanto, devemos dividir isso com todos os nosso redor, para que a felicidade se torne cíclica, e não de uma reta única. O nome “Os dias de cão acabaram” remete exatamente a isso, à tristeza se rompendo pelo impacto bélico da felicidade em nossa cabeça.


Para o clipe, há duas versões. Isso porque a música, lançada em 2008, foi relançada em Abril de 2010 no Reino Unido. A primeira versão mostra Florence, com roupa urbana, acordando em uma selva e sendo levada, às cegas, para uma comunidade. Cercada de desconhecidos, ela tenta fugir, mas logo é cercada e se torna uma deles. Fica a metáfora clara de que ela tenta fugir da alegria, mas que acaba se rendendo a ela, trocando de vestimentas e de atitude.

No vídeo atual, Florence dança e canta ao lado de figuras orientais, que se misturam entre personagens japoneses e indianos. Suas vestes também tem essa pegada do oriente, salientando as influencias da sonoridade da faixa. Em dado momento, as pessoas começam a se dissolver, transformando-se em pó, e as cores predominantes lembram as da bandeira da França e, consequentemente, às cores da liberdade. Seria então uma alusão à felicidade em forma de liberdade. 





2. Rabbit Heart (Raise Up)
Esta faixa fala sobre medo, mas de uma maneira otimista. Aliás, otimismo é um grande acorde nos instrumentos que levam esta canção. Embora a letra te desafie, perguntando “This is the gift/It comes with a price/ Who is the lamb/And who is the knife?”. O que ela quer dizer é que, quando você enfrenta seus medos, há um preço a se pagar. Ela diz que, com medo, temos um coração de coelho, frágil. Mas que, com bravura, temos o coração do leão, destemido. No clipe, mostra com bastante felicidade a Florence enfrentando o medo da morte, sem hesitar. A fotografia do clipe é muito boa, bastante sol e luz.





3. I’m not calling you a liar
Mais tambores e tamborins. Ela fala de um amor que a rouba, que a persegue, que esta em seus sonhos, em seus pulmões, e que ela é tão feliz por isso que poderia morrer. Quando ela diz “Eu não estou te chamando de mentiroso/ Só então não minta pra mim”, é na verdade uma suplica para que a pessoa não faça nada além do que o amor já esta fazendo. No final da canção ela diz que vai cair sobre os pés na pessoa, e que o seu beijo a deixa tão feliz que seria suficiente para matá-la. Foda!



4. Howl
Piano, guitarra e arranjos eletrônicos nesta faixa de refrão grudento e saboroso. Esta fala sobre a ferocidade da paixão, deixando de lado o romantismo barato e doce. Estamos falando de uma fera apaixonada, que arranha e morde o ser desejado quando o reencontra, por sentir saudade, por sentir desejo. Trata-se, na verdade, de uma ótima poesia que traz um trecho brilhante: “Você é a Lua que quebra a noite para a qual eu tenho que uivar”. Tem jeito mais poético do que dizer “você é a minha luz no fim do túnel?”. Uivando a agradecendo à luz da lua.


5. Kiss with a fist
O rock’n’roll da Florence em uma música cheia de atitude. Simples e curta, a faixa fala sobre um relacionamento conturbado, todo trabalhado na violência mas que, antes isso do que nada. E no final, ela bota fogo na cama deles. Um duplo sentido sensacional, e um ótimo meio de terminar uma briga de casal, não? O clipe é bem simples, num quarto branco, e usa de efeitos simplórios para dar vida à idéia da música. 






6. Girl with one eye
Não se deixe enganar pelo ritmo lento e doce desta faixa. Florence está muito brava, e arrancou os olhos da garota. Isso porque ela a fez sofrer, a fez chorar. A música de vingança lida com a traição de uma garota que agora vive com um olho só, e esse é o preço que ela paga por ter errado. A analogia relaciona a ausência de um olho com a ausência de confiança. Quantas pessoas já traíram sua confiança e você arrancou seus olhos?

7. Drumming
Diferente da faixa passada, esta traz uma batida mais contagiante, e uma letra ainda mais envolvente. Florence fala sobre um barulho de tambor dentro de sua cabeça, que ela não consegue tirar. Ela já subiu no alto da torre de uma igreja e ouviu os sinos soarem e, mesmo assim, o barulho do tambor continua incessante dentro dela.“Mais alto que sirenes/ Mais alto que sinos/ Mais doce que o paraíso/ E mais quente que o inferno”. No clipe, que se passa dentro de uma igreja, temos coreografia e tudo. A sensação é de que ela esta se debatendo durante o clipe inteiro, como um exorcismo, a fim de tirar algo de dentro dela. Reparem. 


8. Between two Lungs
Uma das melhores músicas deste álbum. Começa com uma batida ingênua de tambores, leve, até se tornar uma balada mais agitada, embora ainda relaxante e confortante. A letra fala da conexão entre duas pessoas, e vai além de um relacionamento passional, esta relação que Florence fala pode ser entre qualquer ser humano, desde haja sentimentos envolvidos. Porque os sentimentos vem de dentro, e a letra fala disso, de um suspiro que estava preso entre dois pulmões e que foi passado de uma boca para a outra. E que agora esse suspiro a preenche por completo. Muito foda.

9. Cosmic Love
A minha preferida, a melhor música deste cd e, com certeza, uma das mais bonitas que eu já ouvi. É legal dizer que Florence escreveu essa música ainda de ressaca. Estava completamente bêbada na noite anterior à composição da faixa, e disse que tudo foi feito em meia hora. Ou seja, a música foi concebida sob os efeitos do álcool. E só poderia. Afinal, a poesia é tão complexa e reflexiva que eu poderia escrever um music review só dela. 

“Uma estrela cadente caiu do seu coração e desembarcou nos meus olhos/ Gritei em voz alta, enquanto ela os rasgava, e agora ela me deixou cega”. Essa parte Florence fala do momento em que ficou apaixonada, trazendo à tona o estado de cegueira que quem ama se encontram. “As estrelas, a lua, todas elas explodiram/ Você me deixou no escuro/ Não há madrugada, não há dia, eu estou sempre neste crepúsculo/ Na sombra do seu coração”. Eu acho essa parte brilhante, narra o perda de noção do espaço e de tempo em que ficamos quando estamos apaixonados. Não há estrelas para nos guiar, não há dia, sol, nada, apenas a sombra e o crepúsculo de estar coberto pelo coração de alguém. 

O clipe é outro espetáculo. Florence mostra sua desenvoltura corpórea em uma coreografia descoordenada, desalinhada, desajeitada, como se tivesse confusa, presa. Bem teatral, bem profissional. Apesar do abuso das cores, perceba como o clipe, ainda assim, é escuro. Além disso, o espaço em que ele é desenvolvido é claustrofóbico, apesar de ser cercado de espelhos, para dar a sensação de amplitude. Cheio de dicotomias, o clipe mostra uma luz entrando e, no final, saindo de Florence. A tal luz, o crepúsculo, a escuridão do amor.


10. My boy builds coffins
Mais uma música agitada, que traz uma letra bem controversa. A faixa fala sobre ‘meu garoto’ que constrói caixões para todas as pessoas, de reis a plebeus. Florence ainda fala: “Ele fez um para ele um para mim também/ Qualquer dia desses ele fará um para você também”.Podemos levar a história do caixão ao pé da letra, e então passaremos a compreender que a música trata da morte eminente. De que ela chega, independente da nossa condição. Ou então, deixo aberto aqui para outras inúmeras interpretações. Eu gosto de pensar que ela fala sobre paixão. O coração seria o ‘meu garoto’, e que ele constrói a paixão (caixão) para todo mundo, e que um dia a paixão irá aparecer para você também. 

11. Hurricane Drunk
Essa faixa tira um sarro dela mesma. Seu ritmo agitado, sutil, tranqüilo esconde, na verdade, a mágoa e a tristeza embutidas na voz e na letra escrita por Florence. Aqui ela fala sobre ver a pessoa que ama com outra. Ela diz que nada pode ajudá-la, que esta no meio da multidão e, quando vê a pessoa que ama com outra, ela se abraça, para pode se confortar, porque ela sabe que aquilo vai doer. E é uma pura verdade. Existem dores, tais como essa, que não há parede que nos dê suporte, não há chão que nos mantenha em pé, nada. “Então você inclina-se e a beija na cabeça/ E eu nunca me senti tão aliciada e tão... Morta”. Acho que nem preciso comentar esse trecho, não é?

12. Blinding
Com uma pegada bem mais dark, esta faixa deixa o astral dançante para trazer algo mais melancólico, ainda que seja agitada. A música é mais pesada porque fala sobre acordar para a realidade, despertar de um sonho, enxergar depois de uma cegueira. Ou, como diz a Florence, “não mais sonhar como uma garota tão apaixonada, tão apaixonada”. E o mais genial é que ela fala da realidade como se ela fosse um sonho. Quando ela enxerga a verdade, é como se tivesse entrado em um sonho em que ninguém, nunca mais, pudesse a acordar. E faz completo sentido.

13. You’ve Got the Love
Fechando o disco com chave de ouro. Florence entrega sua última faixa com impressão de que está começando um projeto novo, de tanta vida que há aqui. Ela reúne os elementos orgânicos, ao rock’n’roll e aos elementos eletrônicos, todos, organizados e espalhados pela trilha do álbum. Aqui ela declara seu amor de forma plena, sem metáforas nem analogias, sendo direta e decidida. Ela diz: “Eu sei que posso contar com você/ As vezes eu sinto como se eu dissese 'Senhor, eu simplesmente não me importo'/ Mas você tem o amor que eu preciso, para conseguir enxergar”. A pessoa amada tem o amor que ela precisa para conseguir superar, viver, ultrapassar. Pouco saudável mas, mesmo assim, muito romântico.


Palmas para a Florence com sua voz inconfundível. O titulo do CD, “Pulmões” , poderia facilmente ter sido “Corações”. Mas, não. O pulmão é o órgão que limpa o ar que o coração recebe, é um dos mais vitais dos nossos órgãos e é, também, muito parecido com árvores. Que são, por sua vez, vitais para a nossa vida. 



quinta-feira, 1 de março de 2012

Pré-Rafaelismo

Ophelia

Na Inglaterra de 1848, um grupo de jovens artistas forma uma irmandade chamada "Os Pré-Rafaelistas". Esses jovens são Dante Gabriel Rossetti, William Holman Hunt e John Everett Millais. Uma irmandade considerada irreverente, transgressora, pois rompe com os princípios estéticos da pintura aprendida nas Academias de Arte. Pregam a "arte pela arte" - uma arte sem interferência acadêmica, uma arte em seu estado bruto.
Considerado uma espécie de reforma artística, o movimento Pré-Rafaelista intenciona romper com a rigidez das técnicas acadêmicas e mecânicas, a fim de libertar o artista para produzir de maneira mais autêntica. A irmandade é uma reação e uma provocação contra a arte padrão do academicismo na Inglaterra.
Acabaram por tornar-se um grupo que partilha características, obviamente. Mesmo rompendo com o academicismo, encontram uma identidade que vai além de cada um deles. Essa identidade é facilmente reconhecida - por exemplo, nas cores esmaltadas e luminosas usadas em seus quadros, um claro rompimento da convenção dos tons suaves que eram praticados até então. Não utilizavam as técnicas de sombreamento e profundidade, também - como faziam os clássicos - pois achavam que isso relegava os elementos periféricos da pintura para segundo plano. Também ignoravam as leis da perspectiva - tudo princípios consagrados e inquestionáveis para as escolas acadêmicas.
Os pré-rafaelistas não acreditavam na eficácia da técnica, mais sim na sensibilidade imprescindível para produzir suas obras. Pregam uma estética mais pura, pois não sofre interferência destes filtros pré-estabelecidos da Academia. Queriam resgatar a pureza e a honestidade que consideravam existir na arte anterior a Rafael (1483-1520) - um artista que muito influenciou a Academia inglesa e, por isso, muito criticado pelos pré-rafaelistas. Acreditavam que o excesso de rigor das técnicas ensinadas na Academia conduzia os pintores para uma artificialidade ao retratar a natureza e a "obra de Deus".


Die Geliebte


A irmandade abrigava todos os artistas que de alguma forma partilhavam este ideal de romper com o academicismo imperativo. Acreditavam, principalmente, na liberdade de expressão artística -  o que achavam não ser possível dentro das Academias. Pregavam um diálogo entre vertentes artísticas como a literatura e a pintura, por exemplo. Um dos mais talentosos pré-rafaelistas, Dante Gabriel Rossetti, também era poeta e divulgava em alguns periódicos da época as teorias do grupo. A irmandade então começou a dedicar seus trabalhos a retratar personagens da literatura, poesia e mitologia, como vemos nos belíssimos quadros "Proserpine" (1874), de Rossetti, e "Ophelia" (1852), de Everett Millais, baseado na heroína da famosa obra de Shakespeare, Hamlet.
Suas mais famosas obras são de personagens da literatura e da mitologia. Ao contrário da pintura de gênero, como os interiores de paisagens, à qual os pré-rafaelitas tinham aversão, eles propunham uma arte que consideravam ser mais sensível: era idealizada pelo artista, e não simplesmente um retrato de algo exterior.
Eles foram severamente criticados por pessoas influentes, como o novelista Charles Dickens, que descrever com desdém a forma como lamentavelmente romperam com as regras do academicismo. Certamente, a crítica e o público os receberam como anarquistas e indisciplinados. No entanto, a irmandade também conseguiu fortes patronos como o crítico John Ruskin - que defendia outros artistas que romperam com as regras acadêmicas, como é o caso do famoso pintor inglês Willian Turner.


The Lady of Shallot

Os pré-rafaelistas, com sua filosofia, abalaram o cenário artístico de Londres. Mas a Irmandade rompeu-se no fim de 1854. Nesta época todos os membros já desenvolviam uma obra individual, mas jamais deixaram de aplicar as características pré-rafaelistas em seus quadros. A famosa irmandade deixou seu legado para uma nova geração de pintores como John Willian Waterhouse que, com uma de suas mais famosas pinturas - "The Lady of Shallot" (1888), retirada de um poema de Lord Alfred Tennyson - homenageia a estética pré-rafaelista com grande maestria.


Ophelia




domingo, 19 de fevereiro de 2012

Um dia desses... Carnaval


Carnaval é uma festa que se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C. Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do sono e pela produção. Passou a ser uma comemoração adotada pela Igreja Católica em 590 d.C. O carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX. A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo. Já o Rio de janeiro criou e exportou o estilo de fazer carnaval com com desfiles de escolas de samba para outras cidades do mundo como Tóquio e Helsinque. O carnaval do Rio de Janeiro esta no Guinness Book como o maior carnaval do mundo. Em 1995 o Guinness Book declarou o Galo da Madrugada, da cidade de Recife, como o maior bloco de carnaval do mundo.
Andei pesquisando e encontrei algumas imagens antigas de carnaval:






De cara da pra perceber que de la pra cá muita coisa mudou mais sua essência continua a mesma.
Bom carnaval o///